Woodstock.

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A Kombi verde horrorosa dele esperava estacionada na porta do prédio. Uns 50 anos de uso, carburador furado, bancos gastos agora na cor bege lembrando vagamente a tonalidade marrom, que outrora, deram vida ao interior daquele carro.
A bagagem havia sido arrumada cuidadosamente na quarta-feira, dois dias antes dela precisar partir. O gato de estimação foi deixado aos cuidados da vizinha Maria Lúcia e com o porteiro, a responsabilidade de manter viva a sua samambaia da sorte. Não sabia para onde ele a levaria, não imaginava o que era a tal surpresa.
Abriu a porta logo após as três batidas costumeiras, deu-lhe um beijo no queixo, entrelaçou sua mão direita na mão esquerda do rapaz amado levando consigo a mochila presa no ombro enquanto ele carregava a mala, agora pesada, de viagem.
O elevador sacudiu um pouco, rangeu e seguiu em sua normalidade para o térreo. Conversaram sobre o dia que passaram longe um do outro até aquele momento, o que fizeram logo após os beijos dados ainda em frente a porta do apartamento dela; amenidades...
Ele girou a chave na ignição fazendo o motor roncar alto expulsando uma fumaça preta que encheu, por um minuto, a visão dos dois passageiros despreocupados que sorriam um sorriso quase sem graça da poluição ambiental causada pela Kombi velha.
Deram ali seu primeiro beijo, tiveram ali sua primeira noite de amor; nenhum outro carro os teria feito tão bem apesar das circunstâncias atuais. O moço soltou o freio de mão, afrouxou o pé na embreagem seguindo rumo ao litoral.
Ana delirava com o mar, as ondas quebrando na borda do Atlântico, as várias tonalidades do verde já se misturado ao azul e por estar ao lado do homem que lhe roubava o fôlego apenas com uma piscada de olhos. Delirava com o quanto a pele dele poderia ficar mais nítida a cada novo gradiente de cores dos raios quase findos do sol. Extasiava-se com a mudança daqueles olhos castanho-escuros para os poços rasos de um mel avelã.
Desabotoou um pouco a camiseta permitindo que o vento quente que soprava pela janela aberta em seu rosto fosse o seu alerta para a vida, se morresse ali com ele ao lado e todo o litoral ao alcance; morreria feliz.
Agora entendia o motivo da mochila de Camping, a barraca, o colchão de ar. Ele estava pagando a sua primeira promessa: acampamento; e pelo visto, com juros e correção monetária.
Marcos parou a Kombi 1960 entre os coqueiros baixos, estendeu a esteira de palha sobre a vegetação rasteira, armou a barraca, prendeu a rede.
Deitaram enroscados na rede na velha praia Woodstock, próximos a um punhado de casais, como eles.
Todos permaneceram contemplando a grandeza do pôr-do-sol dos fins de tarde de verão, menos o nosso casal. Eles permaneceram imóveis por muito tempo, protegidos pelo invólucro do amor eterno.


- Eles ainda eram crianças quando se olharam pela primeira vez.

Apenas hoje.

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Uma exclamação na vida alheia! 
Uma interrogação na minha própria.
- Um ponto contestado e comedido.
Essa minha mania e necessidade de escrever leva-me por caminhos desconhecidos. Eu apenas possuo a humildade de deixar-me conduzir. Beijos a Diana Bruna. [saudades de ti, minha engenheira]. Beijos a todos e até...

A particularidade dessa nossa montanha russa.

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E deu-se assim: dois assentos e nada mais. Você me tomou pela mão e fui pé ante pé com os olhos vendados.
A barriga cheia de ansiedade e aflição, mas não é a curiosidade que impulsiona as mulheres?
E deu-se então: coração crepitando, pulso acelerado. Você me levando mais alto, fazendo-me subir os degraus.
Se sentada permaneci, não sei dizer. Se o rosto foi gigante para caber o sorriso segredou apenas aos céus. E de nada bastou preparar o espírito; fraca que sou.
Das injúrias que lhe falei, apenas duas palavras permaneceram na memória e das promessas que fiz, tranquei-as em confessionário eterno.
E deu-se mais: eu presa, de novo, a você.
Como na montanha russa. Pega-se a mão, sobe os degraus, senta-se seguros pelo cinto, respira bem fundo e prepara a garganta para gritar toda vez que o carrinho ameaça jogar os corpos horizonte abaixo.
Eu na minha vida pacata, você nas suas mil possibilidades, e novamente, o bicho conspirador me obrigando a voltar ao passado.
Como na montanha russa: primeiro subimos até o limite terreno, aproveitando a paisagem, desfrutando a companhia. Só que você esquece que a descida revela a verdadeira face do homem, e eu, já conheço a sua.
- Chega dessa inconstância, chega de ter sem ter.
Eu vou é aproveitar o carrossel; o futuro nele, é mais fácil prever.

- Eu tenho a quem dedicar; 
ele sabe que eu poderia fazer essa 
dedicatória, mas há muito tempo decidimos 
correr com as nossas vidas em sentidos opostos.

Esses outros pontos. [2]

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Essas falsas verdades;
Esses falsos prazeres;
Esse dito mal feito
Esses pedaços que não são meus.

Essa máscara pintada
Neste rosto exposto.
Essa postura abalada, eriçada.
Neste corpo ausente.

Essa carcaça sombria sou,
Daquilo que um dia fui:
Um sorriso altivo.

Essa malandragem fosca.
Esse grito de poesia.
Esse meu vômito de sinceridade...

Essa tua insinuação figurante.
Esse teu fingir poder
Nessa tua cara fechada.

Essas caraminholas minhas
Das caraminholadas tuas
Dos desejos ardentes meus
Das míseras infâmias tuas.

Este ar superior
Esta vírgula em lugar nenhum
Este ponto na história errada.

Este segredo de sermos um.
Esta fantasia de sermos nós;
Do complexo complexado amor.

Do subúrbio subordinado
Da coerência incoerente
Da sensata insensatez;
Do presente feito-bem-feito;

Nessas inocentes inocências suas
Nessas perversões perversas minhas
Dessa sua delicadeza em minha boca
Desses meus dentes fortes nos lábios teus.

Neste pedaço incerto de verso,
Numa confusa confusão de palavras.
Numa tentativa inexata exata de se dizer fazer o que pensa;

Até rasgar e tecer outros versos
Até contar outras não tão falsas verdades
Até encontrar prazeres mais concretos;

Entre esses outros pontos
Pontos esses! Pontos meus.
Que nada mais são do que outros pontos,
pontos outros, pedaços outros, outros pedaços de mim.

Pontos exclamados, interrogados, pontilhados,
exaltados, furiosos, adoráveis, estáveis instáveis.
Contínuos não lineares.
Todos estes: Pontos em mim.

É um texto já postado aqui no blog, mas foi bem no comecinho quando poucas pessoas conheciam este espaço. Estou atarefada ultimamente e sem paciência para escrever por conta dos trabalhos do curso técnico. Voltarei firme e forte semana que vem. Beijos aos que ainda lêem este espaço. Eu amo escrever a palavra poesia. #fato!

Filhote de gato-homem.

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Dez para o meio-dia, a panela chiando no fogão e o meu gato lambendo a água na tigela.
Olha-me de lado e volta a beber sua água; mexe o rabo e redireciona as orelhas espertas, feito antena, aos sons na cozinha e da casa. A panela reclama mais alto, eu coço o nariz, olho minhas unhas mal pintadas e volto a escrever; escrever sobre o meu filhote de homem-gato que me espera toda manhã na porta do quarto para que eu coloque a sua ração no prato. Mia baixinho no meu ouvido antes de se aninhar no meu colo, esperando que eu lhe coce a cabeça, o pescoço e a barriga sempre cheia.

A barriga do gato é seu mistério; mesmo quando no passado eu dizia ser os olhos. Mas de tanto sugar da sua órbita azul, conheço-lhe os gostos, os pensamentos e o humor.
Agora a barriga, não. É mistério demais para a minha pequena cachola! Tem dias que ele entra no quarto comigo após meu banho e me ver vestir a roupa numa curiosidade além-mundo; outros dias se delicia no calor da minha cama ainda quente, deixado pelo corpo recém desperto.
Fita-me com meia banda da cara, olha entreaberto enquanto jogo a roupa no chão, pego a toalha e vou lentamente em direção ao banheiro; após a primeira peça de roupa ir ao chão, faz pouco caso e volta a dormir.

É tão manhoso quanto à dona. Morde meus pés quando quer carinho e atenção, e eu mordo o meu namorado quando quero o mesmo. Crava as garras na minha pele se ameaço parar o movimento da mão gentil no seu pêlo branco e eu sempre arranho a pele do meu namorado quando ele ameaça afastar seu corpo do meu.
Somos parecidos. Ele sério em pensamento e disposto a rebolados e eu, toda rebolados e vadia em pensamento. Não vulgar e sim, desinteressada.
Meu gato-homem ronrona só de me ver e eu ronrono eufórica sempre que meu homem me devora com paixão; seus olhos que tudo comem...

Meu gato deita igual gente: pende a cabeça para o lado, barriga para cima, rabo enroscado e patas espalhadas. E eu fico feito bicho calmo, quieta, imóvel. Acorda ele bola nas noites que dividimos a cama e eu, acordo do lado oposto ao qual dormi. Pernas para fora, travesseiro no chão; somos parecidos.
Ganhei-o ano passado da minha segunda mãe; o mais bonito de uma ninhada.
Alguns meses de idade e eu o coloquei debaixo do braço trazendo o não tão felino para casa; miava feito condenado. Miou sem parar por um mês e fiquei a me achar criminosa por tê-lo separado da mãe.

No final, acostumou-se a casa se metendo a cochilar sobre as camas. Ama a todos, menos ao meu padrasto; a esse criou aversão. Amou mais ao meu irmão do que a mim, mas Nino foi embora morar com o papai. Minha irmã o aperta tanto que os olhos, por triz, não pulam fora; restou-lhe a minha mãe que lhe tem alergia e a mim, que lhe faço as vontades. Apegou-se à sua dona legítima desde então.
Creio que não me perdoou por separação materna tão violenta, mas aprendeu a distrair-se com amenidades assim como eu.

A nossa maior diferença é que ele fica contente com qualquer afago, brincadeira, perda de tempo. Já eu quero tudo em dobro, sempre mais que muito e, meios gestos são brinquedos que não me fazem perder a calma.
Por hora, chega; meu gato pede o cumprimento dos meus deveres e sou por deveras boa para negar-lhe um pedido assim: bem feito.

- Para os dois felinos da minha vida: Fred, meu gato de aproximadamente um ano de vida e Deivid, meu leonino maior de idade.

Foto do Dia [3]:

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Amanhã faremos 11 meses de namoro e eu, não poderia deixar essa data passar em branco. Eu te amo meu branco e você sabe. Praia: Jauá, Camaçari, Bahia.

Egoísta.

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Que cada um cuide de si!
Cansei de administrar esta vida do outro,
E não receber os créditos merecidos.
Quem disse que receber elogios é ruim?
Que cada um cuide de si que eu vou cuidar do meu:
Espaço,
Tempo,
Mente e Vômito.
Porque eu não escrevo as palavras, eu as coloco para fora num ímpeto
que pode muito bem ser comparado ao estômago "garganta acima".
Mente de vento eu tenho
E quem não tem?
Então vamos lá, colecionar escritos,
Talvez quem sabe, em forma de poesia.


A mente carrega a essência do mundo, e não, a do dono.
Meu segundo texto que termina com a palavra Poesia, mas por ironia, esse foi escrito primeiro. Mil beijos aos meus leitores. Um beijo enorme para a minha Elis-Maria-Fran e outro à Dona Escafrando. E ótimo resto de final de semana. Photo. Kisses.

Homem louco.

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 Ah! Saudade besta daquela menina inocente,
 que me fere os olhos de tanta alegria
 e salta-me de corpo sorridente
 por sempre ela e ninguém mais.

 Ah, saudades da mulher que me acompanha à cama,
 que enche os cobertores
 e faz do frio mera alegria de carnaval
num dia comum de quinta-feira.

 Ah, prisão doentia é essa minha,
 saudade que não mata, nem basta;
 que não toma, nem doa.
 Vivendo eu a sofrer de poesia.


- Às vezes esses versos bobos chegam sem avisar, 
invadem minha mente e ficam martelando até que eu 
me livre dessa culpa de não escrever o que dá vontade.


Eu recebi uma homenagem tão linda ontem. De tão besta que fiquei, saí mostrando para a minha mãe e amigos mais íntimos. Ela, a que escreveu, foi sutil e sucinta; precisa na descrição e nos sentimentos. Poderia expor aqui todo o meu coração molenga, mas vou deixar que cada um absorva o texto de maneira própria. Da Diana Bruna, para essa que vos escreve: Paralelas que se cruzam. Eu ainda não tenho as palavras que gostaria... Obrigada!

Meias mentiras.

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- Irá (ele) mesmo sofrer caso eu cate as coisas, feche as malas e vá embora?

Meu tico-e-teco ficou atordoado depois do jantar, e a sopa da meia-noite agravou este meu caso já grave. Perguntei-me entre a digestão, o gosto e a falta da fala se (ele) sofreria como diz.
Duvido que pense em se matar; tirar vidas passou longe (dele) e, muito mais improvável seria toda essa atenção que (ele) jura me devotar até o fim dos tempos.
Longe de mim, pensar mal de quem me faz, inegavelmente, bem; mas conheço os homens tanto quanto o meu reflexo no espelho; a forma refletida não me engana a cara, as linhas, a reza. O conteúdo me é familiar como o sabor do beijo da boca do homem que enrosca a face em meus cabelos e perde os dedos, unhas, fibras e tostões dentro das minhas roupas não tão limpas.
E esse sabor marcado na boca, às vezes, é tão amargo quanto o suor que (lhe) escorre o corpo.
Reflito sobre as noites que não passamos juntos e o sexo que nunca achou hora nem lugar para acontecer por mais que estivéssemos dispostos, por mais que implorássemos por isso.
E vendo-o ali, no meu portão, antes da sopa me causar efeito adverso, frágil como os tufos claros que cobrem-(lhe) a cabeça, é que me apercebo ser malvado. Enquanto (ele) chorava por dentro e permitia-se um meio sorriso pouco convincente, eu gemia baixinho essa dor de passar um ano fora sorrindo profundo com mil dentes à mostra as alegrias de tê-lo sempre meu, ao alcance do querer-fazer.
Não, não sou masoquista, dissimulada ou estratégica; mas estas, são minhas (falsas) meias mentiras.

"É assim que isso funciona
Nós somos jovens até não sermos mais.
Você ama até não amar mais
Você tenta até não poder mais
E ri até chorar, e chora até rir
E todo mundo deve respirar
Até o ultimo suspiro"

On the radio - Regina Spektor.

Hoje é o aniversário da minha amiga-irmã Carla Jane Coelho. Te amo meu benzinho. E ainda vamos viver muitos anos dessa nossa amizade que já criou raízes muito mais profundas que a distância entre o Brasil e o Japão. (Observação feita pelo Mapa Mundi)

Confissões.

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12 de Setembro de 2010, Camaçari, Bahia.

Caro leitor,

Reconheço essa minha aflição a flor da pele que vos tem tirado o sono; essa falta de doçura com as palavras e o amor que custa inundar meus pensamentos verbalizados pela tinta preta impressa em qualquer papel.
Qualquer papel, mesmo;  a cara da folha pouco importa, de mais vale as emoções que entrego nele que os babados, os floreios e a cor nova.
Para falar do tangível, escolhi o tema saudade, que nada mais é do que um olho do amor. O outro olho fica por conta do ciúme.
Amor saudoso em querer mais, ciumento em possuir.
A proposta do Ítalo é escrever um amor de Nero que põe fogo na erva daninha e consome Roma sem glória; só coragem.
Poderia escrever antigo, bonito e inventado, mas qual seria a originalidade? Escrevo então imperfeito, simples e sincero para que o Ítalo perceba que nem sempre o melhor é o mais bonito.
E mesmo se quisesse compor as belas cartas, elas não viriam à mente devido a mentira implícita nos versos, e hoje acordei dada às verdades.
Voltemos ao amor, então, e vos digo a minha descrença nesse “tudo suporta, tudo sara”.
Vejo o tempo arrastando as horas, levando na enxurrada os beijos, e as palavras que não encontraram o hálito para se fazerem crer; acredito agora, somente, na eficácia do meu café.
Também já não posso relatar o amor materno/paterno que anda tão sujo quanto à moça de cabaré; a língua expulsando a fúria e a mão marcando a ferro a pele nova da criança ainda mais nova que não sabe aonde errou.
É, meu caro leitor, o mundo anda sinistro; e do que tem valido o amor? Trocar-se-á por um pedaço de pão ou uma moeda de ouro?
E os amigos? Há seres mais falsos? Basta que vos diga-lhe um punhado de palavras que aos ouvidos pareçam duras para que vejas o quão frágil é essa ligação, que outrora, vocês chamavam cósmica.
Tenho boas amigas, é verdade. Tenho bons amigos, é mais verdade que a outra, mas o que tenho excelentes são as irmãs; amigas-irmãs.
São elas que me secam as lágrimas, que riem das minhas não-piadas e batem na minha cara quando sou cretina além da conta.
Liberdade tem limite sabia? E as rédeas dessas minhas amizades eu sei levar, afinal, minha espora é muito mais afiada.
Essa é a minha carta, a que engoli um dia passado, para não me acharem: sem guardas.
Na presença do amor eu sou outra, não melhor que na presença dos outros sentimentos; mas completamente inteira, eu mesma e confusões.
Se for para falar de amor, como é a intenção, esqueça tudo o que eu disse aqui. Vou dissertar em poucas linhas sobre o amor do berço.
Foram as cantigas, as estórias, o embalo no braço quente, as horas acordada, o peito suculento e o sorriso farto que me trouxeram firme e forte até aqui.
Desculpe-me a contradição de amor materno, mas o amor do berço, de fato, é incondicional; o único deveras grande.
Tudo isso era que eu tinha a relatar, e como já havia escrito, acordei dada às verdades. E no resto... São mais que sobras.

Para os meus leitores e para o Ítalo;
 o que sabe meu nome sem conhecer-me a face.

- Bloínquês. Edição Cartas.

Permanente - Parte XIII

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Marionetes

Pádua, 11 de Janeiro, 2010

- Manhã –

“Você vai me explicar o que está acontecendo aqui ou eu vou ter que perguntar ao Fabrizio?” Bacco me fitava com seus olhos negros ônix. Sua expressão revelava muito pouco e, no entanto, sua pergunta estava carregada de significados.
Levantei da cama dirigindo-me ao banheiro onde eu pude atenuar meu sono ainda visível no rosto através da bolsa roxa embaixo dos meus olhos com uma boa água gelada. Senti um calor característico nas minhas bochechas ao pensar em Fabrizio me despindo completamente para que eu ficasse confortável na camisola de seda azul-bebê.
Ao menos, minha calcinha ainda era a mesma da noite passada; significava que ele não tocara naquela parte do meu corpo e isso era um alívio já que eu me encontrava desacordada. Corei ainda mais por saber que Bacco me vira vestida desse jeito, nessa meia roupa.
Alcancei o roupão pendurado no gancho ao lado da banheira amarrando firmemente o cinto em minha cintura num laço pomposo.
“Eu não sei o que tenho para explicar” disse voltando do banheiro analisando o meu quarto e constatando algumas mudanças; sentei-me ao seu lado no pequeno sofá e beberiquei um pouco do suco de frutas vermelhas que D. Fausta trouxera para o café da manhã, instantes antes de eu acordar, como fazia todos os dias.
“Julia Mennone, por Deus, você está me deixando louco”. Afundei no sofá e fixei os olhos no vestido que usei na noite anterior. Ele estava passado e dobrado em cima do banquinho no canto oposto ao banheiro, no lugar costumeiro das roupas limpas; pelo visto, eu havia dormido demais.
“Eu não faço idéia do que você tem em mente”, respondi desinteressada por amor a vida dele. Eu teria que ser uma exímia mentirosa se quisesse vê-lo viver mais alguns anos.
“Quem foi a garota que dividiu o quarto com você ontem à noite? Eu já sei que ela não estuda aqui, então, quem ela é?” Olhei de relance sua testa enrugada e mordisquei uma torrada com geléia.
- O que você quer saber, Bacco? – falei diretamente deixando evidente a minha impaciência.
- Hoje é segunda-feira, caso você não saiba, afinal, seus professores andaram me fazendo queixas da sua falta de atenção nas aulas...
- Você está preocupado com as minhas notas?! – falei exagerando na palavra “notas”.
- Também, mas por hora, eu me contentarei em saber mais sobre a garota; sua amiga. E saber o motivo do garoto estranho que você dançou no bar do Taylor estar parado em frente à porta do seu quarto com a mão na maçaneta segundo antes de eu terminar de subir as escadas no final do corredor. Saber o que ele pretendia aqui antes do nascer do sol e para onde ele foi. Um segundo estava aqui – ele apontou para a porta – e no outro desaparecera completamente.
- Bacco... Caleb... Ele esteve aqui? – o desespero tomou conta do meu rosto. Tentei montar rapidamente uma máscara, mas Bacco não deixaria essa expressão passar.
- Então esse é o nome dele... Sim! Ele esteve aqui e por incrível que pareça, ninguém da Segurança o viu entrar.
- Ele é irmão de Emily, é isso! Deve ter vindo buscá-la. Era só isso que você queria saber? – falei levantando do sofá e abrindo as gavetas da cômoda vinho, procurando uma roupa para que eu pudesse sair do quarto. Troquei a camisola pelo jeans puído e uma camiseta amarela; escovei os dentes e ajeitei o cabelo. Bacco ainda estava sentado no mesmo lugar, imóvel.
- Por enquanto, isso basta! Mas quero lembrar-lhe que seu pai estará aqui para uma visita no final de semana.
Ele deixou o recinto batendo a porta ruidosamente. Eu joguei meus pertences pessoais dentro da primeira bolsa que encontrei, saindo do quarto sem me importar em trancar a porta.
Precisava achar Fabrizio e contar-lhe sobre os novos acontecimentos.
Caleb veio tentar concretizar seus planos; ficou a um metro do meu pescoço, a uma porta de roubar-me a vida.
Ele permanecia brincando, no controle do seu jogo predileto – marionetes - mas eu não iria permitir que o jogo continuasse assim: a seu favor.

Partes 12345678910, 11 e 12.

Leitores, eu quero agradecer de coração o carinho dessa semana. Vocês são ótimos. O Layout novo foi um presente maravilhoso que ganhei visto que ainda sou menininha em HTML. Estou lendo Dom Casmurro do Machado de Assis - que eu amo - e recomendo pela maravilhosa forma com que o autor escreve. Vou responder a todos os comentários, todos. E mando um Mega beijo para Maria Elis - o seu blog me fazia feliz, que pena que acabou. Gostaram dessa parte? Estão gostando do conto?

William Shakespeare.

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Romeu e Julieta:

Segundo Ato - cena VI "Esses prazeres violentos têm fins violentos e morrem em seu triunfo, como o fogo e a pólvora, que ao se beijarem, se consomem. O mais doce mel repugna por sua própria doçura, e seu sabor confunde o paladar. Portanto, ama com moderação; o amor duradouro é moderado."
Quinto Ato - cena III "Permaneço aqui mesmo, aqui, com as larvas que são tuas camareiras. Ah, aqui estabeleço meu repouso eterno e liberto esta minha carne mundana e cansada do jugo traçado por estas estrelas  em nada auspiciosas. - Olhos, um último olhar! Braços, o derradeiro abraço! E, lábios, ah, vocês, portais da respiração, selem com um beijo justo este acordo perene com a morte devoradora."

Macbeth:

Primeiro Ato - cena IV " Estrelas escondam o seu brilho; não permitam que a luz veja meus profundos e escuros desejos. Que o olho se feche ao movimento da mão; e , no entanto, que aconteça! Que aconteça aquilo que o olhar teme quando feito está o que está feito para ser visto."
- cena VII "Que se enganem os outros com nossa aparência mais serena. Aquilo que sabe o coração falso, a cara falsa deve esconder."

Otelo, o Mouro de Veneza:

Segundo Ato - cena I "Vocês mulheres são uma pintura fora da intimidade do lar, guizos na sala de visitas, gato selvagem na cozinha, santas em suas injúrias, diabólicas quando se ofendem; dominam o jogo das lides domésticas e sabem ser assanhadas na cama."

Agradeço a paciência de todos nesses meus dias de configurações. O layout ficou bem diferente dos que eu já usei. Cheio de cores e frufru's, mas eu gostei tanto tanto e de uma forma única ele ficou bem forte e pessoal. Adoro Shakespeare! Desses três o que eu mais gostei de ler foi Otelo. Espero que tenham gostado dos fragmentos que eu selecionei e indico todos os três para leitura. Indico também Sonho de uma noite de verão e O mercador de Veneza.

Presente.

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Estou preparando algumas surpresas para o blog. Como eu não tenho um blog teste, tenho que fazer tudo aqui, ao vivo e a cores. Quem estiver na minha página agora, eu peço mil desculpas pela bagunça.
Muito obrigada por fazer deste espaço um lugar criativo e espontâneo. Afinal, eu seria quase nada sem vocês, leitores.
Estou indo para os 90 seguidores e em dezembro farei 1 ano de textos, pensamentos e troca de emoções. Nada mais justo eu dar a quem merece um pouco mais disso que alguns chamam de talento.

Eu quero agradecer humildemente à minha mente brilhante: Jéssica Pereira.

+ selos.

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Eu não lembro quem me deu esse selo, sorry. Eu salvei no pc e não coloquei o nome do blog. 
Mas a dona do selo é a Melissa!


Eu ganhei da minha leitora fiel do blog Pelo Amor ou pela dor?

  • Cada selo tem suas regras e coisa e tal. Mas eu vou pular isso e indico para todos os meus seguidores!
  • A única pergunta que eu quero que vocês respondam, é a seguinte: O que faz você gostar do About my Truth?
  • Responderei aos comentários no final de semana. E continuem votando para o meu blog virar livro. A votação terminará no dia 12/09. Beijos.

Sem causa e com efeito [2]

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Eu desafio as Leis da Física!
Desafio quem contradiga que um corpo não possa compartilhar o mesmo espaço.
Desafio quem teima em discutir que para toda ação há uma reação.
Desafio quem insista em insistir comigo.
Desafio essa mania que temos; mania de permanecer parado se podemos estar em movimento.
Desafio o móvel a permanecer estático.
Desafio a vontade do calor em expandir.

Causa sem efeito. Efeito com causa.

Te desafio a bater de frente.
Te desafio a vir me enfrentar.
Te desafio a encontrar em mim o que quer achar.
Te desafio a voar; eu posso.
Te desafio a, desafio quem, desafio o que for.

Sem causa, sem efeito. Causa e, com efeito.

Desafio a me provar que não sou a causa e o efeito de mim mesma.
Desafio a desafiar minhas ironias, minha rispidez.
Desafio a conviver comigo.
Desafio você a me compilar; os rótulos você possui.
Desafio a tapar meus buracos.

E farei com causa, por você. Serei efeito, se eu quiser. E desvairadamente terei razão.
Eu abri todas as portas, deixei escancaradas as janelas. Construí tetos de vidros, só pra você poder olhar.
Tudo com a dose certa de efeito para promover a devida causa.
Mas ainda não achei quem me desafiar. Não achei coragem suficiente, nem sequer, para insinuar.
Não achei ninguém para se opor. Para me mudar o prumo.
E ainda tem gente que diz que eu estou errada, ainda tem gente que diz que física é física e o resto é bobagem.
Mas como eu poderia está se ainda continuo causando efeitos por aí, por causas que eu desconheço?


- Eu já postei esse poema (?) aqui no blog bem no início de tudo. É uma amostra de outras coisas que eu sei fazer e um momento para matar a saudade de mim. [Só não sei se vocês vão curtir]

Encruzilhada.

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Viu-se da sombra apenas o cabelo fogo e o balaio debaixo do braço; cor do homem: indistinta.
Fez-se reza braba na encruzilhada, ele circunvagando o cesto de tranças lânguidas. Da sombra observei o gibão e da encomenda luzidia, fechei os olhos.
Quase três horas da manhã e o próprio cão esperando o diabo.
"Ínterim!" Praguejou o homem, mas balaio bom é coisa-feita incomutável.
Ouviu-se urros, berros, gruídos, patas, cascos, trotes e o ar modesto escondeu a desgraça em sua cerração.
O balaio tremeu! O balaio chorou! O balaio gemeu capitoso. A encomenda - não sei explicar o que era -, mas o que saiu dali arrepiou meus cabelos e tingiu de sangue a minha retina. E a linda vestal coberta de morim latente no halo pétreo lançou-se ao demônio sem face que ainda urrava com grande fúria.
Ela: leniente; ele: assomado.

Ele a comia como a um bibelô sagrado que é posto na mesa para encher os olhos e a boca d'água.
Sendo moça atinada, enroscou as coxas na cintura do cão e dos lábios dele recolheu um taco; todos os quatro caminhos, um de barro, outro de pedra, um de asfalto e o outro desconhecido pelos mortais, abriram-se em brasa aromática engolindo o riso lúbrico do homem malfadado.
Tremi mais que bambu em ventania, pedindo a Deus e a boa Maria que me guardasse a alma, os filhos e a vista dessa noite infernal; e ainda me deixei ver a moça chupar o homem como se este fosse o figo docinho que dá no fundo do meu quintal. Chupou-o tanto que se aquele ser não-terreno tivesse um caroço, ela o encontraria sem demora.

Reforcei apressada as trancas das janelas, beijei os filhos que dormiam como os anjos, mas me faltou a coragem de beijar a boca do homem que divide a cama comigo.
Esquálida, desviada do meu destino, contemplo o resto da cena imprópria.
Sucedeu-se que a moça foi engolida, após a cópula, pela fenda que se abriu no chão com balaio e tudo enquanto a sombra seguia com seu gibão pelo caminho imortal, revigorado.
E por hábito hebdomadário, sempre em noites que me foge o sono, a sombra-cão-homem-demônio retorna a velha encruzilhada com um cesto novo incircunscrito.


- Gostaram? Eu ando com a mente fértil ultimamente...
 
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