A-co-lá

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"Suponho que pelo menos uma centena de sentimentos estejam corroendo meu coração, minha alma, minhas tripas neste extato instante. A cada dia que passa, pareço caber menos dentro de mim mesmo."



Eu nunca esqueço
 uma promessa.
Obrigada, Mateus.

Anabela.

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Laçarote nos cabelos sedosos,
Batom carmim nos lábios carnudos,
Melissa cor pêra nos pés mimosos.

Saia de algodão e renda,
Esmalte delicado rosa-menina,
Brinco de anjinho, blusa virginal.

Mas só era moça correta nas vestimentas,
Garota inocente no jeito de andar. 
Por dentro - um vulcão - pronto para estourar.


Pessoas lindas, a partir de hoje eu sou a mais nova moderadora Bloínquês.
A minha Edição será Poemas, então, para inspirá-los a participar eu fiz esse breve e característico poema.
O poema precisa ter, antes de tudo, a personalidade do autor.
Fiquei frustrada com a continuação de Permanente já que poucas pessoas leram, mas a vida é assim. 
Depois eu posto o resto e termino logo o conto.

R.C.S

Permanente - Parte XII

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A Bailarina
" A vida amou a morte mais do que havia para morrer."


Pádua, Itália, 11 de Janeiro, 2010

- Madrugada -

Tudo na sala era um caos: os móveis empilhados do lado leste, os livros nas estantes acumulando poeira, depositados em cada prateleira em toda a extensão do recinto sem obedecer a um padrão lógico e o rosto de Fabrizio coberto por uma máscara inexpressiva. Meus olhos permaneciam sensíveis a qualquer movimento, capturando cada ser escondido na sala escura por menos que ele fosse.
A minha mente trabalhava cem vezes nesta noite numa tentativa insensata de compreender cada nova revelação que me era jogada na cara. Eu queria correr, eu queria gritar, mas o peso posto nos meus ombros soldou meu corpo e equilíbrio no canto ao qual eu me forçava a ficar de pé; meu último ato consciente, uma capa de força.
“Uma bailarina do inferno é isto que ela é”, pensei. Seus gestos contidos, macios, suaves; o andar seguro e leve com as pontas dos dedos mal tocando o piso cor de avelã.
O cabelo solto comportado nas costas e a postura totalmente séria, ela não desistira de nós, mesmo que esse fosse o nosso desejo final.
Ressoava nos meus ouvidos cada sílaba da sua história funesta, cada entonação ferida por ter perdido há quem muito amava, por ter sido separada prematuramente do seu futuro marido.
Emily, após séculos, remoia a lembrança da sua transformação e nem eu ou Fabrizio a impediríamos de nos fornecer o auxílio que ela própria não teve no que chama de “luta contra as trevas”.
Encontrei em meio à luz da Lua que entrava no cômodo os olhos do meu amado tão absorto em seus pensamentos, tão lindo em sua masculinidade e protetoramente sentado a poucos passos; ele agiria instantaneamente se as intenções de Emily fossem uma farsa.
A bailarina continuava falando sobre si e apontando para cada tela nas paredes desbotadas da sala desativada para reforma.
Rodopiava no ar e alisava com uma expressão magoada o pescoço e o colo, como se houvesse incômodo, ou algo que deveria estar ali, mas por algum eventual fato havia sido arrancado do seu lugar de origem.
Peguei-a me fitando determinadas vezes, contemplando a cor dos meus lábios, o comprimento das minhas pernas e a silhueta do restante do meu corpo.
Por mais que eu conseguisse prever alguns dos seus atos, toda ela era uma página em branco.
Fabrizio compenetrou-se ainda mais no seu objeto mental em questão e não me restou nada a fazer a não contemplar a Lua majestosa do lado de fora da janela através do vidro fino.
- O que vamos fazer agora? – perguntei no intuito de retornar à razão do meu ser. Fabrizio foi pego de surpresa me olhando desconfiado, mas a bailarina infernal continuou dançando pela sala como nenhuma palavra tivesse sido proferida.
- O que você pensa em fazer Julie? – Ele rebateu a pergunta, mas eu sabia que ele possuía uma resposta.
 - Sendo sincera... Não sei. Não podemos nos esconder, não podemos fugir. E lutar contra o devorador de almas não está em debate.
- Você está errada, mas por hora, é melhor levar-lhe de volta ao quarto. Bacco não ficará feliz caso a senhorita não esteja lá pela manhã.
- A Lua ainda está alta no céu, nós temos tempo de sobra. – eu disse constando-o.
- Você está errada, menina. Não temos tempo algum. – e senti o frio da morte percorrer minha coluna.  Era a primeira vez que Emily falava-me diretamente, olhos nos olhos. Ela evitara ao máximo aquele contado, mas agora se encontrava ali, sondando a profundidade do meu olhar. Virei à cabeça sem permitir que ela visse os temores escondidos na minha essência e olhei para Fabrizio para saber o que ele achava sobre esse novo fato.
- Emily, eu agradeço a sua preocupação e auxílio. Mas tenho que temer também pela vida dos outros inocentes desta cidade. Bacco ama essa garota e não suportaria perdê-la. É seguro mantê-lo longe, a salvo. E não acredito que ele ficará compassivo caso ela não esteja em seu quarto. Faria alardes em toda a Universidade e seu irmão descobriria automaticamente quem está por trás disso: você.
Pegando-me com seus braços fortes, aninhando-me ao seu corpo, Fabrizio me levou escada à baixo lentamente até que minhas pálpebras tornaram-se chumbo e eu deixei de sentir seu hálito quente em minha face e o som constante do seu coração.

Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11.


É isso! Depois de meses sem pegar nesse conto, hoje acordei com uma vontade súbita de escrevê-lo, que por pouco, não me fez enlouquecer. A frase maravilhosa sob o título é do Cronista Fabrício Carpinejar que até esta data eu só conhecia por nome. Um blog muito querido ao qual eu leio fielmente, apresentou-me a este incrível intelecto humano e só posso agradecer pelo novo mundo que se abre diante dos meus olhos. De todo o meu coração, eu espero que vocês tenham gostado dessa parte e podem criticar à vontade. Apenas um pedido: sejam sinceros. Muito obrigada aos leitores. Até a próxima postagem.

O auto-retrato.

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"No retrato que me faço
- traço a traço -
Às vezes me pinto nuvem,
Às vezes me pinto árvore...

Às vezes me pinto coisas
De que nem tenho mais lembranças...
Ou coisas que não existem
Mas que um dia existirão...

E, desta lida, em que me busco
- pouco a pouco -
Minha eterna semelhança.

No final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!"

Mário Quintana.

Dialeto dos Olhos. [2]

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Parte 1

Clara Ana mulher Meneses detestava a angustia da prisão de se doar a alguém. E leva no sossego da alma os beijos adornados do não-amor, do desejo fugaz.
Desesperou-se o Lucas Pedro Almeida de Freitas, lançou palavrões ao céu gruindo ódio, salivando raiva por perder a loura queimada de olhos acastanhados.
Esperou dez minutos, secular, perguntando-se ela se tudo não fora trabalho maquiavélico da sua imaginação, ou então, se não fora um grupo de hormônio sapecas lhe pregando uma peça?! Sabia, porém no fundo de si onde os sonhos arquitetam-se emergindo, depois do esforço, à realidade que havia sido tomada por completo pelo amor de corpos, corações e vidas eternas.
O Sr. Almeida pediu licença a moça com a qual havia iniciado meio diálogo saindo correndo, traspassando os corredores de livros empilhados até encontrar o lugar onde sua Aninha, gentilmente, pegara um livro.
O buraco na estante, minimizado por um exemplar velho apoiado a outro, guardava um objeto brilhante que fora deixado para trás propositalmente.
Dentro da Clara ardia a chama da certeza do sucesso. Não resistiria a uma vida sem o Lucas, mesmo que ainda desconhecesse isto.
O Pedro-Lucas-Pedro capturou o broche em ouro branco em forma de um meio coração.
Sentiu como se houvesse encontrado o bem mais precioso: o complemento do seu Eu.
Mais uma vez a Ana olhou ao redor, mas escolheu um lugar improvável de ser encontrada.
"Será que ele não viu o amor em seus olhos?"
Abaixando a cabeça, fechou as pálpebras vagando no tempo-espaço.
Estremeceu!
Um toque em sua mão provocara-lhe um ardor agradável. Os mesmos dedos percorreram sua face, seus lábios.
As palavras perdiam-se dentro dela, mas sabia quem a estava tocando.
- Pertence a você?
Lentamente Ana Clara abriu os olhos e sorriu... sorriu... e sorriu.
Sem desviar, o menino-homem da Ana devolveu a pequena metade complementando o coração na gola da sua blusa.
- Te devolvo esse, mas o outro que me destes com o mar castanho eu carrego no meu e fica aqui o meu no seu.
E a Ana disse:
- O seu no meu, você e eu... você e eu!
Eles não vacilaram, souberam a partir do instante em que se viram. Não pensaram no futuro, não projetaram a vida.
Desfrutaram apenas o olhar um do outro e há quem diga que a Clara morreu olhando o Pedro, e que o Lucas morreu namorando os olhos da Ana.


- Texto de 30 de Julho de 2009 - Modificado.

PS: Descobri que tenho sido constantemente plagiada. Ainda não achei os blogs, mas eu tenho um rastreador de texto, então, será apenas uma questão de tempo. Isso é só um aviso, porque quando eu achar os realizadores dessa façanha as coisas ficaram muito mais complicadas.

Dialeto dos Olhos.

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Gostaria de ser mais homem, se impor; mas significaria abrir mão das horas gastas na biblioteca da faculdade. Isso é o que seu pai costumava dizer no café-da-manhã: - Seja homem, moleque!
E de tanto ouvir, começava a acreditar.
Voltou do devaneio virando a página do livro percebendo a presença da garota de pele queimada da exposição ao sol e cabelo de pontas claras dos dias de nado livre em alto mar.
A garota Ana Clara, abismada com o desfecho da estória que acabara de ler parou a mente se deixando observar as pessoas que ocupavam as mesas mais próximas e as outras, que distraidamente liam os prólogos diversos no ímpeto de aniquilar a dúvida cruel de qual volume levar para casa.
Avistou um menino magro, de cabelos fartos na cabeça e nas pernas e imensos olhos verde limo. Então ele, Pedro Lucas, os olhos desviou fingindo não prestar atenção ao súbito calor que lhe subia o corpo.
Puxou assunto com a menina ao seu lado, mas após três frases a conversa perdeu o sentido. Ela, Ana Clara, apoiou-se na estante a sua frente sorrindo um sorriso interno descarado muito notório ao garoto Pedro que lutava em disfarçar a estranheza do seu espírito desde que a moça morena-não-mulata entrou em foco.
Passou a mão nos cachos bagunçados e voltou toda a sua concentração ao livro.
Ana Clara foi esperta ao entender que este momento se fazia único como nenhum outro. Mesmo seu pudor repreendendo-lhe tornou a olhar indolente o Pedro Lucas, o menino das suas aulas de história.
Romance era o último dos seus planos; pegou o marcador de texto, colocou na folha a ser lida caminhando para a outra extremidade da imensa biblioteca aquietando o comichão gritante que em um oitavo de segundo tatuou-se em sua pele.
Pedro Lucas nem chegou a terminar a página para retornar a sua busca frenética pelos olhos da menina nova em sua vida, mas a cadeira ao qual ela sentara encontrava-se vazia.


- Haverá Continuação.

Vivências.

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As pretensões mudaram com os anos levando junto as palavras que eu costumo ouvir. Acordava à noite ofegante por sonhar com os contos, prosas e rimas que escreveria no dia seguinte e, por muitas vezes, dedicava o resto da noite para não esquecer uma só entonação.
Visitando os amigos novos, percebi a futilidade que me aflora a pele e os encantamentos que não se fazem presente. Por acelerar o relógio e não frear o carro na esquina. Passo direto e sigo com os olhos vendados e vai o mundo rodando mais uma vez. E as pessoas sozinhas nos bares, e as crianças mendigando nos pontos e os senhores dormindo na chuva.
Pretendia uma explicação concreta das inquietações por dentro [no ser] e no interior [na mente], mas explicar o quê, se sou tão assim: explícita?
Meus floreios constituem-se dos espinhos, e espinhos não são armas letais em minhas mãos. Só um punhado de dores, dos outros e de todos que gosto de expor às vezes para que a corda que me sustenta fique bem esticada.
E peço, gentilmente, um pouco menos de hipocrisia. Se quiseres saber onde estou, com quem estou e por onde vou, amarre as perguntas no cais e jogue o corpo todo no mar dos meus escritos. Eles são para quem gosta de ler e são mais ainda para os correm das compreensões tatuadas na cara.
Dou-me somente às minhas propagandas, vendo apenas o meu conteúdo se assim preciso for, eu reconheço os bons debaixo do meu nariz, em cima da ponte, e no outro ponto do pólo. 
E já que vivo dizendo isso, é melhor repetir: obrigada aos fiéis pela dedicação e aos infiéis pelo divertimento que é tê-los.

Ps: Eu entendo que todos gostam de atenção e reciprocidade, mas às vezes, certas pessoas exageram e de exagero da unha do pé ao fio dos meus cachos vermelhos basta eu.
E se você vem aqui no About my Truth porque tem admiração pelo meu talento [se é que eu tenho isso] e pelas linhas escritas nessas mais de 135 postagens clique no link de votação para o meu blog virar livro. Você estará me ajudando e ajudando a expandir as minhas idéias a todos os outros que ainda não conhecem meu espaço. 
Eu realmente sou grata a vocês, afinal, vocês fizeram do meu projeto uma realidade. Vote aqui!

Falando de amor. [2]

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É possível que eu ame a mesma pessoa até o fim dos meus dias?
- É tudo que eu quero fazer: acordar ao seu lado eternamente.

Pensava em como é não ter pessoas que a amem de verdade. Sentia os olhos embaçados das lágrimas que surgiam involuntariamente, afinal, se ele a amasse mesmo já teria dado um jeito de aparecer.
Não que ela seja egoísta, mas prefere a dor à solidão.
A enfermeira gentilmente retirou a máscara, desligou os aparelhos e lhe disse que estava liberada.
Precisou apenas passar novamente pela médica para que seus documentos de liberação fossem assinados e carimbados.
Pegou a bolsa, o atestado médico, suas parafernálias na recepção e foi embora com os olhos ardendo do recente choro. A dúvida entre pegar um ônibus e ir andando para casa dissolveu-se feito mágica. Seu amor estava tão perto, a três ruas de distância. Discou novamente o número dele e obteve a confirmação: ele ainda estava esperando atendimento.
É claro que ela seguia furiosa por tê-lo esperado, por sonhar que ele estaria falando besteiras no intuito de deixar-lhe alegre na expectativa de que sua respiração estabilizasse.
Chateada por dificilmente algo sair a sua maneira e angustiada pela sua fragilidade física, mesmo que no ser seja forte.
Empinou o nariz, amenizou com maquiagem o rosto inchado do choro pensando na expressão de desagrado que faria quando o encontrasse.
Esperou o sinal para pedestre ficar verde no cruzamento na esquina do hospital indo pomposamente em direção ao garoto que arrebatou abrasadoramente seu coração.
Abriu a primeira porta, pediu informação à recepcionista, bateu o pé no chão de ansiedade contanto os segundos finais.
Disca o número; ele reclama: - setor errado! Atravesse a rua.
A garota venenosa respirou fundo tentando não surtar; os carros pararam ao pedido dela e pode seguir seu caminho.
Pela terceira vez abriu uma porta de clínica desde que acordou e , seus pesares, solidão, raiva e medo diluíram como açúcar em água. No instante em que seus olhos penetraram a imensidão verde dos olhos dele, o olhar seguro; seu amor, seu menino.
Olhos caramelo-mar! Intensos, profundos, donos de uma convicção muito maior que a certeza de que a cada dia o Sol irá nascer.




- Essa é uma pequena história que compõe as minhas mil facetas ao lado do menininho do meus sonhos. Cada dia é dia, cada mês é mês e nesse ir constante faremos numa data próxima 10 meses de sentimentos infinitos.

Falando de amor.

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É possível que eu me apaixone todos os dias pela mesma pessoa?
- A cada instante essa certeza me inunda: amar-te mais e mais.

Ela saiu furiosa do ponto de ônibus. Primeiro: estava atrasada demais para ir ao colégio e segundo: sua respiração começava a falhar.
Controlou a língua felina em respeito ao céu azul parcialmente nublado do mês de Agosto e pôs a mão no bolso do jeans capturando o celular em frações de segundos. Discou o número familiar e esperou que a sua mãe atendesse ao telefone em casa.
- Alô.
- Oi mãe, não estou indo para o colégio. Passei mal no ponto de ônibus, resolvi ir ao hospital, estou na metade do caminho. Liguei para avisar.
- Mas você não deveria entregar o Projeto Elétrico hoje?
- Deveria, mas meu peito dói e a respiração está entrecortada.
Interrompeu a ligação em seguida, não precisava dos sermões da mãe. Aumentou o passo, esbarrou em duas pessoas e atravessou a rua na frente de um carro.
Empurrou a porta do hospital e deu de cara com um ar-condicionado 15°C que mais prejudicava a inspiração do que outra coisa. O atendente vendo o rosto debilitado da moça não hesitou em proporcionar-lhe e aos outros pacientes, um ambiente menos hostil. O termômetro na parede, sem dificuldade, registrou a nova temperatura: 20°C.
Para ela, o ar dos 20°C era mais ameno e suportável. Para o atendente, haviam cortado seu devaneio de estar na Suíça, como se na Suíça não fosse tudo grau negativo.
Sentou numa das cadeiras plásticas verde, abriu a carteira e retirou os documentos necessários entregando ao menino leptossômico atrás do murinho de acrílico. Após conferir os documentos, o rapaz imprimiu a requisição e solicitou a assinatura da garota nervosa por não conseguir respirar.
Correu à sala da médica enquanto ela voltava a sentar na mesma cadeira plástica. Meio minuto depois, o recepcionista apático retornou e lhe disse que seria a próxima a ser atendida.
Pescou novamente o celular no bolso do jeans e discou o número da única pessoa que a compreenderia e lhe faria melhor.
- Alô!?
- Oi amor, sou eu.
- Desculpa seu número não apareceu no aparelho.
- Deve estar oculto, nem sei. Emprestei o celular ontem a minha irmã.
- Você está bem?
- Não! Estou no médico, vem ficar comigo?
- Crise alérgica, não é?
- Isso mesmo... - suas bochechas arderam de vergonha e prazer por ele conhecê-la tão bem.
- Eu também estou no médico, preciso tirar um raio-x, mas assim que terminar eu vou ao seu encontro. Caso haja um empecilho, eu aviso.
- Certo. Beijos amor.
- Beijos e fique bem.
- Eu vou ficar. Tchau.
Dez minutos se passaram desde que adentrou o hospital; estava na nebulização pedindo baixinho a Deus que o amado de sua alma estivesse ao seu lado. Adorava consultórios médicos, mas só quando tinha acompanhante.
Ficar ali sozinha, sem um rosto conhecido é bastante solitário.
Permaneceu 40 minutos numa sala minúscula olhando para as paredes brancas decoradas com quadros infantis de animais selvagens com uma máscara respiratória no rosto.


- Haverá Continuação!

Trocadilho.

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Mais uma troca de olhares pintados.
Mais um beijo de bocas coloridas.
Um batom na boca e um all star surrado nos pés...

Breve encanto para quem não conhece sua contradição.
Breve contradição para quem não conhece seu encanto.
Breve foi a troca de olhares.
Nem tão breve foi o riso.
 

Rebeca.


Uma pequena Brincadeira
Com um dos textos de uma amiga
que eu muito admiro. Minha mais
 branca que o leite, Gabriela.

Recortes.

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Maldizem-Inimigo-Melindrosa-Abismo-Comedida-Vil-Dúctil-Molde-Intocado-Secreto-Enegrecida-Retrato-Marasmo-Implicante-Profano-Matéria-Exprimem-Transtornado-Magoado-Ensejo-Infortúnio-Tolo-Copista.

- Afinal, as coisas foram criadas em pares, mesmo que em pares opostos.

Despedida.

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"Tudo nela naquele momento era suave; e aquela seria uma das lembranças favoritas de Will, bem depois - a tensão de sua graça ansiosa pela meia-luz, seus olhos e mãos e, especialmente, seus lábios, infinitamente suaves.
Ele a beijou uma vez depois da outra, e cada beijo chegava mais perto de ser o último de todos os beijos. "

- A Luneta Âmbar, pág. 513. Philip Pullman

Foto do Dia [2]:

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Um dia nada comum. Se eu fosse mais esperta, teria arrumado os cabelos.
Mas esperteza não tem nada a ver com amizade.
Amizade boa é aquela que não se deixa enganar pelas aparências e vive sempre inventando uma forma nova de se mostrar presente, eficaz.
Basta fazer cara de bobo, prestar atenção ao que se fala e permitir ser fotografado.
No mais, tudo se ajeita e acontece do modo que tem que ser.


- O bom da vida é rir de si mesmo.

Pessoal.

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Acordei sem saber o que comer, com dor de cabeça e comichão na mente. Pensando bem, eu escrevo muito a palavra mente; vou arrumar um sinônimo urgente.
Nove da manhã e todos dormindo, só não faço escândalo porque é sábado, então pode.
Vou na cafeteira e fico feliz: está pesada. Mas lembro logo que desde que meu irmão foi embora eu sou a única a fazer café nesta casa e o café na jarra foi da manhã do dia anterior. Café sem graça.
Jogo fora o café velho, lavo a cafeteira e coloco no fogo uma leiteira com água. Ligo a televisão, assisto a última parte do programa Aprovado, mudo de canal. Olho os 52 que estão à disposição, mas nada que me interesse a essa hora do dia.
Vou no quarto e leio os fragmentos de um texto que fiz ontem, minutos antes de dormir. Lembro que achei um título bacana e sem anotar, fugiu-me totalmente da memória quando abri os olhos hoje. Precisei arrumar outro, que não é tão bom, mas se faz entender. Sento na sala e concluo o texto que estava na metade. A água ferve.
Pego em cima da geladeira os potes de açúcar e café. Da tarde em que meu irmão foi embora, o consumo de café caiu drasticamente. Coloco cinco colheres de açúcar e duas e meia de café, espero tudo subir, coo, tampo a garrafa e ponho na minha xícara favorita o santo líquido das minhas manhãs.
Sento no sofá de novo, mas é desconfortável para escrever por um longo período de tempo.
Na mesa, tomo um gole demorado, permito que minha língua queime um pouco e depois escrevo três textos diferentes, sobre assuntos diversos incluindo este aqui. Várias páginas frente e verso.
E quando alguém me pergunta qual é a minha inspiração, eu não hesito:  o café.

Foi-se.

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Valquíria acordou com o ruído de uma porta que se fechava pesadamente lá embaixo, no térreo. Sentiu um medo aterrador paralisar o sangue nas veias, e por um segundo, pensou que seria o fim.
Correu para o canto escuro que lhe era conhecido e enconlheu-se mais que o normal no esconderijo improvisado no terceiro andar. Respirava de tempos em tempos racionando o oxigênio e evitando qualquer barulho, por menor que fosse. Evitava a todo custo mostrar um sinal de vida, se esforçando para sobrevevir a essa manhã. Os ruídos se tornaram pés ligeiros nas escadas do prédio e as vozes que antes estavam abafadas pelas toneladas de concreto, argamassa e tinta soaram como uma marretada no ouvido, um grito agudo de birra infantil.
Mas não eram crianças as pessoas a sua procura. Eram seres humanos, é verdade. Mas como classificar aqueles que tiram vidas, que anulam a voz?
- Militares.
Valquíria respondeu baixinho a sua pergunta mental. Entendia muito bem a política para saber como o sistema funcionava. Sabia perfeitamente o seu destino.
Voltaria a ver alguns rostos familiares, caso fosse presa. Mas era é a líder. Incentivou uma legião de jovens a reivindicarem seus direitos, os fez gritar mais alto que a repressão.
Desde o início da Ditadura ela assumiu um lado. Fora uma criança revolucionária, decida. Não se deixaria intimidar pela luta árdua mesmo que desigual.
A vibração no solo aumentava a cada passo e as respirações estavam ofegantes. Suas opções estavam limitadas: ficar escondida e orar para sair a salvo de mais uma situação difícil; ir presa e morrer rápido antes que a dor física a fizesse trair os companheiros de causa ou tentar fugir, escapar.
- E viva a liberdade!
A surpresa dos oficiais responsáveis pelo caso foi espantosa. Não conseguiram definir, no primeiro instante, o que era perna, braços, unhas, dentes e cabelo vermelho.
Ela lutou com toda a força que possuía nos músculos e usou qualquer artifício que lhe desse vantagem e quando encontrou uma brecha para as escadas, quando o sentimento de vitória começou a inundar seu rosto, foi parada por um disparo, um tiro no coração.

De geração em geração esta história é contada, cantada e escrita.
Dizem que no enterro de Valquíria estenderam uma bandeira vermelha sobre o caixão. Uma bandeira que fora beijada por todos aqueles que lutaram ao lado dela.
E de todas as coisas que ouvi ao longo do anos, essa é a história que mais me marcou.
Na bandeira estava escrito pintado de branco em letras garrafais: - E viva a liberdade!
Só que para mim, a liberdade não existe mais, morreu com ela.

- Essa é a primeira vez que escrevo sobre a Ditadura. Reuni ao longo dos meus dezenove anos muitas informações sobre essa tão nossa verdade brasileira. Quem sabe um dia eu não divido tudo o que sei em formas de textos como esse para vocês? É só me chegar em tiro a inspiração.

Negligente.

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Algumas pessoas vivem pedido meu endereço do blog. Às vezes penso que é pela admiração que estas mesmas pessoas guardam por textos que eu já escrevi, outras vezes eu acredito se tratar de uma forma delas permanecem perto, conectadas a mim e quando sou mais realista, sei que tudo não passa de conveniência.
Estava lembrando essa semana do período que meu blog esteve no auge. 
Nos comentários sinceros, nas dicas que eu recebia de pessoas melhores que eu, e do incentivo sempre bem-vindo dos leitores fiéis.
Negligência minha, que fui protelando as idéias e armazenando no esquecimento as boas palavras.
Quando entrei ontem a noite aqui e parei para olhar para o teclado na esperança que algo interessante fluísse, percebi que nada seria suficiente e que nada que escrevesse arrancaria a solidão na qual meu interior se encontrava.
Eu anulei por muito tempo uma parte significativa e não é como apertar um botão e esperar que a minha capacidade criativa volte ao normal, afinal, não sou máquina.
Terei que ter paciência e calma e cuidado e olhos abertos para o exterior e o interior de mim.
Por hora, vou terminar aquele velho projeto elétrico e cuidar de manter a mente estável.

Foto do Dia:

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Para o meu Deivid Lima, em comemoração aos nossos dez meses de namoro. (L)
 
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