Ninguém subiria até meu quarto, ninguém abriria a minha porta. Acordei na manhã seguinte - eu estava acostumada a não sentir fome - dormir por muitas horas já não era uma obrigação, já não o fazia para fugir, simplismente estava cansada, sem forças.
Minha única obrigação agora era me manter viva, firme mesmo que aparentemente. Era meu primeiro dia longe da prisão torturante que a sua lembrança me causava. Depois de você eu não pude ver mais as cores, os rostos e nem ouvir o som de palavra alguma. Eu só estava lá entre os demais como um poste, um banco ou qualquer outro objeto inanimado. No meu caso: respirava. Mas eu decidi viver! Então resolvi fazê-lo como um todo.
Seis meses após o se enterro me forcei a enxergar... três meses depois já ouvia os sons e com quase um ano reconhecia e falava com as pessoas ao redor. Pessoas que ainda me eram estranhas, mas um dia foram meus amigos...e seus também. Eles, assim como, sabiam a verdade: você levou tudo de mim até não restar mais nada! Me usou como um cão sedento usa seu dono necessitando de água, raspou de mim da mesma forma que uma criança raspa uma tigela com doce até não sobrar uma grama qualquer. Eu não os culpava, nem em você eu pus a culpa. Ela era minha. Toda minha. Depois que te enterrei não a sentir mais.
Contrariando a todos eu te escolhi e precisei pagar um preço. Perder tudo. Agora eu tinha consciência, minha mente não estava submergida em lembranças e nem obscura com a sua falta. Eu estava bem, não totalmente viva, mas bem; até me pegava sorrindo vez ou outra. E como se estivesse acordando de um pesadelo onde tudo é tumultuado e confuso e onde por mais que se corra não se chega a lugar algum, eu vi você!
1 Comentário:
Menina, da onde você tira tudo isso?
Preciso ler o final!! *-*
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