No fundo do poço raso.

Experiências; elas deveriam moldar as pessoas, torná-las mais próximas do mundo real.
Penso o mesmo sobre a responsabilidade. Pena não poder dizer que sou alguém comprometida ao ponto de pesar as massas da balança e optar pelo peso que melhor zele pela minha integridade. Estive sobrecarregada na infância e por anonimato do futuro, sempre trabalhei com as possibilidades de um futuro infeliz. Surpreende-se?
Poucas ações humanas me fazem ter esperanças, afinal, poucas são boas ações e preciso também nesse meu tempo sóbria compreender e lidar com a fé. Aceitá-la. Não porque a julgue complexa ou inanimada, mas pelo meu capricho em duvidar de tudo e todos.
Só me parece estranha, às vezes, como tantas outras coisas. Você notará a diferença, mesmo que sutil, que não usei a minha escrita característica nessas indelicadezas adversas; não pretendo florear as palavras. Tenho o desejo sucinto de compartilhar esse momento de exaustão mental, desgaste físico e pouca espiritualidade. Para isso, necessito apenas das palavras e nada mais.
Reconheço minhas crises e depois de certo tempo, elas se tornam ilusórias e sem significados tanto quanto as motivações que tenho em remoer assunto velho.
Sentada na cozinha estou, encaixando a caneta gentilmente na mão para que não me doa os calos nos dedos; tentando aquecer meus pés com um par de meias fora de moda e uma blusa rosada de croché protegendo o tronco. Quando deixo meus olhos se perderem em objeto fixo, fico no limiar entre a loucura e a lucidez desafiando com interesse indistinto as linhas coloridas no mogno antigo da mesa do tempo do meu pai.
Talvez você não entenda metade do que dito e digito, exponho e componho sobre mim.
Mas não tem importância! Essas orquestrações são plenamente minhas e não as mudarei para que sejam entendidas. Não posso agradar-te já que não posso me agradar.
Se tem algo que faço bem é contar no papel a minha fidelidade, mesmo que esta seja empregada aos demais; pouco a uso por mim. Não tenho ansiedade, comoção ou prazer em fincar-me em uma única compreensão sobre os meus fatos - substância de pouco valor. É exponencialmente válido costurar pactos com outras mentes – mente conhecida, mente sem expectativas. Perigoso é conhecer a si em profundidade, sendo assim, sou um poço raso de sorrisos e bons gestos arquitetados para conhecer a mente alheia.
O pecado disso se dar em não usar corretamente as informações.
 Como o pião, brinquedo estimado, gira apontando às várias direções; assim faz a garrafa do “jogo da verdade”, mas sabemos que apenas um sentido será escolhido, um solitário lugar de repouso. E isso os torna comuns: a capacidade de girar, de ter todas as possibilidades e um destino desconhecido aos olhos dos expectadores.
Eu mostro a minha direção, apenas. Os fantásticos rodopios estão por baixo, bem embaixo e esses, eu não os mostro jamais.
Experiências... Essas sim são boas armas para viver em terra e na Terra. Tenha sempre compilações em cabides esperando o devido uso; elas poderão amenizar a rispidez de um dia qualquer e servirão tão bem quanto as capas de chuva.
E preste bastante atenção: eu nunca deixo à mostra uma verdade duas vezes sem o intuito de despertar em quem ler minhas entrelinhas à dose precisa de análise sobre determinado rosto exposto. Pois como disse em texto passado: o que mais tenho em mim é facetas.

Ps: Esse é um daqueles textos em que ou você ler todo o conteúdo ou você fica quieto e não comenta. É um texto que precisa de "análise" para compreensão.

3 Comentários:

Tati Tosta comentou:

Oi[Eu falei em voz alta pra ter certeza de que eu estava mesmo tendo coragem de escrever esse comentário]
.
Primeiro vou falar sobre a qualidade da escrita:

Está excelente, muito bem escrito, palavras escolhidas de forma inteiramente aprazível e a firmeza que colocou em cada instante vai dando o ritmo das sensações exatas que se passavam por dentro quando tal tal foi escrito.
Excelente, mesmo!

Agora, vou comentar o a mais...

Gosto dos textos assim, esses que revelam as verdades sobre quem escreve, que transmite alguns medos, algumas vaidades, ânseios, sonhos e tudo que é sentimento que a gente sente. Os detalhes que você desenhou nessa pauta me levou pra dentro de você... É pra dentro, onde ninguém deveria estar... Onde você guarda os guardados antigos, aqueles que você não vai contar para ninguém. Sinceramente eu gostei do passeio. Além baobás, encontrei raridades magnificas e extremamente atraentes dentro de ti.

Qualquer coisa, estou aqui. É só chamar.

Grande Beijo

Monique Premazzi comentou:

Bell quanto tempooooooo ): Senti falta daqui. Adorei o texto, muito e muito bom. Espero não sumir mais ): xx

Unknown comentou:

Obrigada Tati, você é sempre muito crítica em seus comentário e isso é importante. Obrigada Nick, você é um doce e que bom que te deu saudades da minha casinha inventada.!

 
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