Madrugada, 3 horas, e a menina parada na esquina decidindo se voltava para casa ou seguia em frente.
Era sempre assim, uma decisão estalava na cabeça e logo ela arrumava as malas e vestia sua roupa tecida de coragem e doçura. Era corajosa, é verdade. Exalava doçura, é verdade. Mas era tão ingênua feito margarida que nasce no asfalto.
Olhou o relógio e viu que não dava mais tempo, ficar parada ali esperando o nascer do sol não fazia sentido e atravessar a solidão da noite sozinha dava medo.
Piscava feito louca e a escuridão, nem por um triz, amenizava.
Era ela, sua mochila, seu desejo e a rua larga.
E foi... De cabeça cheia, de coração pulsante, de alma aberta.
Foi porque se voltasse não seria ela, seria qualquer uma outra.
Uma outra de trança nos cabelos, óculos fundo-de-garrafa na cara, blusa listrada laranja e calça jeans surrada.
Ajeitou a mochila no ombro esquerdo, respirou fundo, tirou a franja dos olhos e deu o primeiro passo do resto da sua vida.
Eu nunca mais soube da garota após aquela noite, mas quando penso nela parada sozinha na rua, no dia mais frio do ano 1993, eu sorrio tranqüilo. Pois sei que menina, mesmo perdida no tempo, está bem.
- Muito bem e feliz.
{We-It}
Só uma coisinha para a
67ª Edição Conto/História
do Projeto Bloínquês.
3 Comentários:
Que história linda e instigante! Fiquei curiosa sobre a menina.
Seu blog tá lindo, parabéns!
Ás vezes nossa vida depende de apenas um ato corajoso e um pouco de audácia para mudar completamente e nos levar ao caminho da felicidade, como essa menina do texto. Como você escreve bem! Adorei seu texto e seu blog. Parabéns!
que texto bonitinho <3
mesmo que bonitinho não seja a palavra certa e não esteja nem um pouco perto de ser a palavra que define esse texto.
mas foi a primeira coisa que me veio a cabeça.
foi uma narrativa tão doce quanto a menina, que me deixou sorrindo no final.
e tomara que ela continue feliz.
se cuida :*
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