Quarta-Feira [8]

 "Nosso amor seria para sempre.
E se morrermos, morreremos juntos.
E mentira, eu nunca disse.
Porque o nosso amor seria para sempre."

Em algum lugar o corpo da bela moça jazia em paz.
Seus cabelos negros, como a noite sem lua, jamais voltariam a balançar ao som do vento frio.
Seus olhos azuis feito mar permaneceriam, para sempre, presos na figura que lhe sugou a vida, a alma, os sonhos.
Seus braços, agora inertes como a cera endurecida, não mais aqueceriam o corpo do amado e seus lábios, carnudos e saborosos como a maçã que é colhida na hora da ceia, não mais selariam as promessas de amor.
Ela seria o desejo que não encontrou o ser para possuir; e uma vaga lembrança do futuro que espreita silenciosamente na esquina de casa.
Ela será sempre o que poderia ter sido, para ele, que permaneceu vivo mesmo ansiando morrer.

Como uma platéia eufórica nós contemplamos a destruição desse casal. Vimos extasiados a Dama da Noite  roubar sem permissão o coração da jovem inocente; a criança de olhos brilhantes, perdida em seus devaneios, que não foi capaz de salvar a si.
Como tolos, erguemos as taças repletas de sangue e brindamos a dor que não nos pertence. Sem enxergar que as lápides estão repletas de nomes, dos nossos nomes.

Em algum lugar o corpo da bela moça jaz em paz.
No presente, na solidão que deveria ser passageira. Sem poder curar o coração enganado, sem reter o poder do homem enganador.
Seu vestido cheirando a jasmim materializado na fotografia presa no porta-retrato da sala, e o que lhe cobria de fato o corpo, virou pó como todo o resto.
E o moço segura as lágrimas trancado em seu porão; sabe que o sorriso mais bonito foi apagado como vela em ventania: rápido, mas perceptível.
Deita tranquilo igual viu seu amor fazer em sua despedida, retira do bolso o líquido envenenador.
Bebe tudo em um gole, suspira feliz o suspiro que de certo será o último.
Ela agora não mais será o que poderia ter sido para ele caso estivesse viva.
Agora eles serão juntos o que ficou pendente em solo terreno.


"Paul" Ela diz ao vê-lo entrar em seu domínio.
"Luíza" Ele responde com os braços estendidos para prendê-la em um abraço.
- Imagine tudo o que nós poderíamos fazer, meu amado. - ela sussura em seu ouvido.
- Eu estou aqui para transformar seus sonhos em realidade, minha querida. - ele sorri complementando a resposta.


"Eu posso te dizer agora, sem um rastro de medo
que meu amor será para sempre.
E morreremos, morreremos juntos.
Mentir, eu nunca irei. 
Porque o nosso amor será para sempre."

Para o Bloínquês. 52ª Edição Musical.   
Texto ao som de Neutron Star Collision - Muse.

7 Comentários:

Everton comentou:

Muito, muito bom Bell, melhor do que entreter, tomam formas ao imaginar um momento, um exato momento que não viveram , todos irao viver..ou torcam por isso..

pS:bacana ter olhado meu blog... votei a escrever depois que comecei a ler tuas palavras.. logo posto..

Camila Alves comentou:

``Agora eles serãao juntos o que ficou pendente em solo terreno.``

Amei essa frase!
Seu blog está lindo. E obrigada pelo comentário no meu.
Bjs!

Ludmila Ferreira comentou:

Se eu pudesse te fazer um pedido pediria que me levasse contigo..
Pediria que me salvasse desse martírio que é a minha vida, que me mostrasse não um lugar fantasioso, mais um lugar real, onde eu não precise enterrar o meu corpo e afogar minhas memórias num córrego sujo que cerca o grandioso muro que me separa do mundo.

O que fazer com a saudade?
Mande-me uma luz e diga que está feliz, assim estarei em paz.

Um enorme beijos e um abraço bem apertado.

Laysa Boeing comentou:

Oi, Bell. :D
Huum, adorei o texto e: tem selinho pra você no meu blog. :D

Anônimo comentou:

que lindo! parabens.
http://garotasnasruas.blogspot.com/

Unknown comentou:

Dá pra parar de escrever tão bem, por favor? Assim humilha as coleguinhas :( HSUHUAUHS Saudades, meu amor! Apareça logo ou vou ter que ir até aí, rum!
O texto tá ótimo, pra variar!

Beeeijos

Unknown comentou:

Mayyyyy, venha mesmo! Você que é incrível, sua boba linda!

 
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