Como as coisas mudam! Como eu sou dramática! É tão fácil se
deixar enganar pelo caos do momento, pelas aparências, frases soltas,
penitências que insistimos em cumprir para receber perdão pelo pecado que não
cometemos.
Eu amei muito um homem. E esse amor me fez forte por muito
tempo. Me fez crescer, expandir só para que ele, o amor, pudesse caber em
mim.
Eu amei muito um homem e, ele foi o primeiro homem que amei.
Amei-o muito cedo, muito nova, muito tola, com toda a inocência que a minha
pouca idade me permitia ter. E amei esse homem mesmo quando me descobria estar
apaixonada por outro. Esse amor quase me forjou! Quase me moldou ao seu
encaixe! Quase me fez sua como eu desejava ser! Mas não foi, não fui, não
fomos. Um dia esse homem me amou tanto quanto eu o amei, ou até mais! Quando
nos encontramos anos depois o quase do nosso laço reverberou em meus olhos e
todos os amores que ele viveu nesse meio tempo ecoaram nos meus ouvidos. Eu corri
do seu cântico maldito e ele fugiu, para nunca mais voltar, do meu quase.
Como o alinhamento dos planetas se dá de tempos em tempos
nossos centros de gravidade, nessa vida, não se cruzaram outra vez. O problema
(ou a solução) é que esse amor me inspirou até o término do nosso encontro. E
relendo meus textos antigos vejo-o tão nítido, tão perto que é possível sentir
o calor do seu hálito. E ainda relendo esses textos me vejo tão frágil, tão
sozinha, tão aflita, tão emocionalmente abalada que eu juro por Deus sentir
alívio por termos terminado. Nós representamos o tipo de amor que o Universo
conspira contra.
Hoje eu não sinto mais o peso dos mundos sobre meus ombros.
Deus não fecha uma porta sem abrir, antes disso, uma janela. Para compensar
toda essa bagunça cósmica Ele com as próprias mãos forjou um amor que coubesse
no meu molde. Eu já não preciso mudar, eu já não preciso ser tudo o que eu sei
que não posso. Um amor não substitui outro, mas pode muito bem se sobrepor
até enterrá-lo de vez no coração.
{We-It}
Comente!
Postar um comentário