Cais.

Eu sei que estou doente! Eu já cantava essa bola internamente há muito tempo...
Sei que estou doente e tenho chorado muito esses dias. Achei que fosse a TPM, mas foi-se o tempo em que  eu chorava por causa dela, achei estranho.
Agora mesmo eu choro. Maglore toca animadinho ao fundo e as lágrimas rolam, descem o precipício de mim mesma. Descem e inundam a minha fortaleza, as minhas reservas, o buraco obscuro de ser eu.

Eu já estive doente uma vez e eles temem. Temem porque sabem que eu tenho força e coragem para fazer o que eles não. Eles não são tão quanto eu. Sabem e temem porque a qualquer hora eu posso. E vou, se for preciso.

Tenho chorado tanto esses dias que já não me conheço. Não me conheço e tento buscar um referencial, uma palavra que acolha, que me encerre, que me baste. Mas as palavras já não são minhas amigas faz anos. E os amigos? Os amigos já não me pertencem como todas as outras coisas que eu julgava sólido.

Eu tenho pensando tanto nos outros como eu que na semana passada  eu assisti um filme triste de uma garota parecida comigo. Ela tão triste e definhando, lentamente, no próprio caos. Elena, o nome dela.

Ouvi de tudo um pouco e tenho servido durante os últimos meses de saco de pancada que já não sinto essa correnteza que vai me arrastar. Vou deixar que ela me leve, me lave, me afaste de tudo isso aqui.
A correnteza vem forte como tem de ser. A correnteza vem de surpresa como se faz necessário. E nessas águas que ainda me mantém no porto desse horizonte manipulado, eu vou lavando as lágrimas que ainda escorrem, mas por pouco tempo. Água de mar cura tudo, já dizia minha avó.
 
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