Solidão [em 4 tempos]

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Caligrafia vulgar
Olhos perversos
Desejo profundo
Caminho incerto.

Eu brincando de vento
A cabeça fora do lugar
O coração tingido de preto
As horas que custam passar.

É mais um ciclo que termina
Um beijo dado com amor
Lágrimas que inundam o colo
do músico sonhador.

Sou eu brincando de dona
do destino que me cerca.
Sou eu guardando o tempo
E a cama sempre deserta.

Para o meu músico Deivid Lima
1 ano e 4 meses de nós dois.

se há vontade, há ação.

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às vezes eu quero ser louca de verdade,
com vontade
e sem pavor.

um segundo depois,
quero mesmo é ser maldosa,
maliciosa e sem limites.

e havendo vontade, eu existo
e formando idéias, eu vou crescendo.
e permeando o tempo, eu sou Senhora.

mas pensando bem,
a minha crença já se faz assim:
um segundo cheio dos devaneios que passam em mim.

 {Wi-It}

Sem casa, sem estação ferroviária, sem porto... Sem nada.

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A linha férrea se estende traiçoeira sobre os riscos da minha palma.
Vejo o trem Destino entrar nos meus olhos e me trilhar sem futuro.
O êxtase é total, infinitesimal, companheiro.
Escancaro os braços e os lábios e fico à deriva de quem sou, como um navio fantasma perdido no oceano sempre a um sopro de escorregar pela borda do horizonte.
 - Perigo! O aviso é latente, mas pouco importa; prendo a fita vermelha-sangue no cabelo e como sereia ao avesso viro criança e não, mulher.
Existência tóxica, desejo profundo. E em busca do reino encantado parei aqui, neste ponto.
Viro a palma para cima e acho graça do Sol brincando de se esconder e irradiar na minha pele. Sigo as linhas que vivi e escrevo sobre elas o que virá:
“O trem desgovernado que tenho sido desde que.”
Um ‘que’ sem complemento em uma trilha sem volta;
Uma locomotiva das cargas e fardos que trago, por hora, comigo;
Um navio cego frente à queda do abismo;
Um oceano negro manchado até o fundo e um cabelo gasto das mentiras que dele colhi.
Aprecio o “M” perfeito estampado na minha palma, perfeito como a cicatriz feita pelo ferro em brasa.
O “M” da linha da minha vida, o riscado do Criador.
Ponho as duas mãos próximas uma da outra, e feito espelho o reflexo da esquerda é o reflexo da direita.
Iguais e opostas.
Como o dragão que sorri, tatuado em seu pescoço, contemplo quieta e maravilhada a grandeza de me ver tão inteira e desolada. Coexistindo com meus amores e temores no mesmo espaço. Me saciando do mistério de ser tudo e mais um pouco.

Até não tão breve.

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Prefiro pontuar esse meu quadro maluco enquanto posso sair de cabeça erguida.
Obrigada meus amigos. Obrigada!
Por terem suportado essa minha crise nervosa, essas palavras de mundo encantado.
Acordei hoje, e como foi duro. A realidade é muito mais insossa do que eu havia planejado.
É muito mais felina do que eu tinha previsto.
Retiro-me palhaço de circo; sem pompa, mas satisfeito. Porque sei que mesmo breve pude fazer sorrir.

Um abraço apertado.
Da Rebeca C. souza.

Boneco de massa [de Modelar]

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Eu não sou aquela que escreve rascunhos, no final das contas. Tão pouco sou dona das verdades enraizadas nos livros.
Sou pobre, e isso é um fato; não mantenho vivas as ambições de que dependo. Passo apenas, como o dia que passa ao ceder lugar à noite, nessa falsa linearidade que é o tempo. Anseio, mas é desejo breve e por isso, acabo jogada no canto de ser eu, nos buracos da representação que me cabe menos e, entretanto, são as que mais agradam.
- Melancólica!
Ouço a palavra fluir dos meus lábios e sinto que é real. Vejo o Sol dourar a minha pele como agora, nesse fim de tarde do cerrado, e sinto que é real.
As casas desbotadas, a mesa de concreto sobre a qual escrevo no caderno de costume, as formigas caminhando enfileiradas e as crianças brincando no parquinho, eu sei, é real.
Só que eu não sou! Apenas eu não sou! Eu não estou aqui, eu não existo, não há matéria.
São 6 horas e 34 minutos em Brasília e o Sol ainda alto com o verão que tarda em acabar; mudo o lugar, arrumo o corpo e me dou às sombras. Mas nada em mim pode ser! Eu não habito aqui...
E entendo, aos poucos, como outro estar não me proporcionaria este momento, como nenhuma outra árvore seria tão graciosa e jocosa quanto a que derrama suas folhas em meu cabelo.
E mesmo assim continuo não estando, continuo sem essência; continuo recebendo os beijos alegres do vento sem poder lhe dar nada em troca.
Porque eu não tenho nada para dar, eu não possuo...
Sacio-me, pois, da inexistência do que é belo e doce: as lembranças da infância onde eu era mais mulher do que agora – do tempo em que eu existia.
O real caminho que trilha a minha voz; o mesmo caminho onde eu me perdi.

Para dizer como tenho passado.
Um Beijo.

 
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