Das abstinências que ele impõe.

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Todos os anos é a mesma coisa. Como um relógio programado pra despertar às seis da manhã ele pisca sempre pontual na minha janela.
A conversa se inicia sem roteiro pré-definido e em quase todas as oportunidades ele me traz novidades, me traz perspectivas, me traz lembranças ou, não traz nada. Eu sinto medo, é claro. Medo, aflição, ansiedade e expectativa se misturando feito comida no estômago quando a gente brinca no carrossel.
Poso de amiga, de amante, de mãe, de irmã e de tantas outras coisas que me perco nessa teia encantada que ele tece só pra me seduzir.
O contato imediato desperta uma vontade sincera de abraçá-lo apertado, o segundo e o terceiro contato são as atualizações dos acontecimentos das nossas vidas. O quarto contato é uma pausa dolorosa e silenciosa - como o minuto de silêncio que oferecemos em respeito aos mortos – sobre o futuro que planejamos juntos e o passado precursor de tudo.
E o quinto, o mais previsível de todos, é o contato que evidentemente ele mais gosta. Um floreio, meias palavras e uma distância que chega de mansinho até se instalar outra vez entre nós.
Quando isso acontece meu espírito fica quieto, resignado. Não há nada que eu possa fazer. Agora é aguardar o próximo contato no ano que vem, talvez.
 
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