Como dói.

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Eu só quero vomitar o que eu não sei.
Deixar queimar de dentro pra fora.
Não é por causa da vida, nem por falta dela...

Vomitar o que me engasga.
Eu só quero expulsar o que me impede.
Quero rasgar minh'alma e com as próprias mãos arrancar minhas travas,
minha fala,
a minha obscura força que não diverge.

Como cuspir o que não sei?
Como ceder pra quem não ampara?
Como pular em buraco sem fundo?
Como me encontrar em outras caras...

Eu quero vomitar o meu enjoo.
A mente que derrete em ácido.
Quero, porque querer, eu posso.
Pra ver, quem sabe, meu peito calmo.

- Como dói. O coração. Que não se cala.

Minha poesia.

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{Quando outro alguém diz o que você gostaria de dizer... Então, você diz também, só que do seu jeito.}


Minha poesia não quer
Ser útil
Não quer ser moda
Não quer estar certa...

Minha poesia não quer
Ser bela
Não quer ser má.
Minha poesia não quer
Nascer pronta...

Minha poesia não quer
Redimir mágoas
Nem dividir águas
Não quer traduzir
Não quer protestar...

Minha poesia não quer
Me pertencer
Não quer ser sucesso
Não quer ser reflexo
Não quer revelar nada...

Minha poesia não quer
Ser sujeito
Não quer ser história
Não quer ser resposta
Não quer perguntar...


Minha poesia quer estar
Além do gosto
Não quer ter rosto
Não quer ser cultura...

Minha poesia quer ser
De categoria nenhuma
Minha poesia quer
Só ser poesia.
Minha poesia
Não quer pouco...


- Ao som de Adriana Calcanhotto.


 
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